Rio de Janeiro na Beira de uma Guerra Civil: Operação Revela Falhas na Segurança Pública
A situação no Rio de Janeiro está se transformando em um dos cenários mais críticos enfrentados pelo país desde a década de 1990. Durante um debate ao vivo no programa #SBTBrasil, Rodrigo Pimentel, ex-capitão do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE), destacou a gravidade da crise, classificando a última operação policial como uma “guerra”. A ação, realizada em áreas dominadas pelo crime organizado, expôs graves deficiências na estrutura de segurança do estado, incluindo a falta de equipamentos adequados e omissão do governo federal.
Conflito Armado e Falta de Recursos
Pimentel explicou que a violência no Rio não se limita a confrontos isolados entre policiais e bandidos. “Não é mais uma operação policial; é uma guerra civil”, destacou. Ele ressaltou que grupos do crime organizado, como o Comando Vermelho, possuem estrutura parecida com forças armadas, usando tecnologia como drones com bombas e armas de precisão. Apesar de 2.500 agentes estarem envolvidos na operação, muitos policiais foram atacados quando desembarcaram de blindados leves, incapazes de enfrentar os obstáculos nas áreas controladas por traficantes.
Desafios Logísticos e Estratégicos
A falta de blindados de guerra, como os tanques usados por forças militares, foi apontada como um dos principais obstáculos. “A polícia tem blindados sobre rodas, mas não podem passar pelas marcas nas favelas”, disse Pimentel. Ele criticou a negativa do governo federal em fornecer apoio logístico, citando episódios anteriores em que equipamentos foram cedidos por iniciativa de autoridades federais e estaduais. “É como se não entendessem que estamos em um conflito armado não internacional”, complementou.
Responsabilidade Compartilhada: Constituição Federal
O capitão acusou o ministro da Justiça, Flávio Dino, de ignorar o Artigo 144 da Constituição, que estabelece que a segurança pública é responsabilidade de todos os entes federados. Durante uma coletiva, Dino afirmou que o Rio deve resolver a crise sozinho — uma posição contestada por especialistas. “É uma covardia não reconhecer que nenhum governo local consegue lidar com isso”, disse Pimentel. A ausência de questionamentos por parte dos jornalistas durante a entrevista reforçou a falta de pressão sobre o Executivo federal.
Impactos Sociais e Políticos
A operação teve consequências além das balas. Empresas suspenderam serviços, como a rede de ônibus entre a capital e cidades da região metropolitana, e a embaixada dos Estados Unidos emitiu alerta para cidadãos americanos. Além disso, o governo fluminense solicitou a transferência de líderes do Comando Vermelho para presídios federais, mas a efetividade dessas medidas ainda é incerta.
Conclusão: Uma Crise Estrutural
A avaliação do ex-capitão é clara: o Rio não suporta mais enfrentar sozinho uma realidade de guerra. A falta de recursos, a desorganização estratégica e a negação de apoio federal transformaram a segurança pública em um problema nacional. Enquanto líderes do crime capitalizam sobre o caos, a população paga o preço. A sociedade precisa exigir mudanças — e o Estado, agir com urgência.



