O cenário de horror: enfrentamento e perdas
Rio de Janeiro — A megaoperação policial que atingiu comunidades controladas pelo Comando Vermelho deixou um rastro de morte e apreensão. Quatro agentes foram mortos durante os confrontos e a cidade vive um dia de medo e repressão.
Nas últimas horas, amigos e parentes de dois policiais civis que perderam a vida prestaram as últimas homenagens. O clima nos funerais foi de comoção e revolta.
Homenagens e nome dos mortos
O policial civil Marcos Vinícius Cardoso de Carvalho, conhecido como Máscara, foi um dos quatro agentes mortos. Ele tinha 51 anos e estava há 26 anos na corporação. Amigos e familiares destacaram o momento pessoal recente:
“Acabou de virar avô. Faz 20 dias que ganhou o netinho. Foi promovido recentemente. Muita emoção”
Outro policial civil morto é Rodrigo Veloso Cabral, 34 anos, com apenas dois meses na função. Ele deixa esposa e filha. Os outros dois agentes eram sargentos do BOPE: Clayton Serafim Gonçalves, 42 anos, e Eber Carvalho da Fonseca, 39 anos.
O recado nas redes sociais e o pânico da população
Após a operação, mensagens de ameaça circularam nas redes sociais criando um dia de pânico:
“Devido às vidas que se foram no dia 28 de outubro, nenhum comércio deve abrir. Quem não respeitar será severamente cobrado.”
Com comerciantes assustados e ruas vazias, a Zona Norte registrou lojas fechadas, agências bancárias sem funcionar e viaturas patrulhando as principais vias. Moradores relatam o medo de uma retaliação do tráfico.
“O receio é da retaliação que pode acontecer do tráfico em relação à operação de ontem. Essa é a nossa preocupação hoje”
Feridos e cenas de sofrimento
Nove policiais ficaram feridos na troca de tiros nos complexos do Alemão e da Penha, entre eles um PM do Batalhão de Ação com Cães e um delegado atingido na perna, que segue hospitalizado em estado grave.
“Eu nunca vou esquecer esse dia, 28 de outubro de 2025, em que nós tivemos quatro grandes heróis que deram a sua vida pela cidade”
Política e desgaste: tensão entre Estados e Governo Federal
Em Brasília, a disputa de versões ganhou tom áspero. O diretor-geral da Polícia Federal afirmou que a PF foi informada previamente sobre a operação no Rio:
“Sem nenhuma possibilidade de o Governo Federal poder, de alguma forma, participar com os recursos que tem — sobretudo com informações e apoio logístico.”
Segundo autoridades federais presentes à comitiva no Rio, a superintendência da PF local foi informada, mas decidiu não participar. A justificativa oficial foi que o planejamento não permitia a participação:
“Houve um contato prévio da inteligência da Polícia Militar com nossa unidade do Rio, para ver se haveria possibilidade de atuarmos em algum ponto. A partir da análise do planejamento, nossa equipe entendeu que não seria razoável participar. Então houve comunicação, sim.”
O ex-ministro e magistrado Ricardo Lewandowski ressaltou a necessidade de coordenação em nível mais alto:
“A comunicação entre governantes — entre o governador do Estado e o Governo Federal — precisa ocorrer em nível mais elevado. Uma operação desse porte não pode ser tratada no segundo ou terceiro escalão.”
Consequências e números alarmantes
Desde o começo do ano, 126 agentes de segurança foram baleados em confrontos na Região Metropolitana do Rio — e 60 morreram. Em nota oficial, o Governo do Estado anunciou que os agentes mortos serão promovidos postumamente.
Cidade em alerta: suspensão de aulas e retorno ao “estágio 1”
Para conter o pânico, a prefeitura informou que a cidade voltou ao estágio 1 de normalidade às 6h, mas muitas escolas (pelo menos 55 na Zona Norte) e universidades suspenderam as aulas. O prefeito Eduardo Paes pediu atenção à população e ressaltou o trabalho das forças de segurança.


