Fux abre brecha histórica e pode salvar Bolsonaro do naufrágio no Supremo; defesa já comemora
Desta vez, o silêncio estratégico do ministro Luiz Fux no STF torceu o jogo inteiro na investigação do complô golpista. Enquanto todos esperavam dobradinha com Alexandre de Moraes, Fux surgiu com perguntas-relâmpago que alimentam a tese bombástica de que ele pode ser o único voto contrário à condenação dos principais réus — e Jair Bolsonaro lidera essa lista.
Além disso, cada frase que o presidente do STF soltou ao longo dos depoimentos revirava a narrativa até então imbatível da acusação.
Depoimento explosivo do ex-chefe da Aeronáutica
Durante o interrogatório do ex-comandante da Força Aérea, Carlos de Almeida Baptista Jr, Fux sentou-se ao lado de Moraes — único membro da Primeira Turma a marcar presença — e disparou:
“Em que circunstâncias o ex-presidente teria dito que levaria adiante o golpe?”
A resposta, imediata, soou como música nos ouvidos dos advogados:
“Em momento algum o presidente Bolsonaro colocou dessa forma que estava objetivando um golpe de estado. Mas durante as discussões, nós começamos a imaginar que os objetivos políticos de uma medida de exceção não eram para garantir a paz social até o dia 1º de janeiro. (…) Não foi em resposta a uma colocação que o presidente daria um golpe.”
Ou seja, de acordo com o militar, nunca houve ordem direta para ruptura — e Fux deixou o recado ecoar.
O mistério do dia 8 de janeiro
Logo depois, o ministro voltou à carga:
“Houve alguma ordem superior para que vândalos destruíssem as sedes dos Três Poderes?”
A resposta foi curta e fulminante:
“Desconheço. Passei o comando do dia 2 de janeiro e desconheço qualquer ordem.”
Com este simples “desconheço”, a tese de responsabilidade direta de Bolsonaro sobre as depredações perdeu força.
Bombástica delação de Mauro Cid é posta em xeque
Por outro lado, a delação do tenente-coronel Mauro Cid, braço-direito do ex-presidente, também foi cutucada por Fux. Enquanto votou, sim, para manter o acordo válido, o ministro abriu a porta para, no momento do julgamento final, derrubá-lo por completo. E ele não parou por aí: diversas vezes, Fux pontuou ter dúvidas sobre o teor das revelações que, conforme revelado, foram vazadas e conflitaram com explicações já dadas ao ministro Alexandre de Moraes.
Tentativa versus crime consumado: a dúvida que pode livrar o ex-presidente
Enquanto isso, no julgamento da cabeleireira Débora Rodrigues, chamada de “Débora do batom”, Fux disse entender que a lei pune atos preparatórios, mas refletiu publicamente sobre a diferença entre planejar um crime e efetivamente colocá-lo em prática. Para advogados dos réus, essa linha de raciocínio é ouro: como sustentam que nunca saíram do campo da pura especulação, a simples cogitação não configura delito.
Por fim, Fux puxou o fio da meada com Cid
Já no interrogatório de Mauro Cid, o presidente do STF fechou com chave de ouro:
“As discussões que motivaram essa colaboração valiam como bravata?”
E, ao ouvir o ex-ajudante de ordens confirmar parte dessa leitura, os defensores saíram comemorando nos corredores — entendem que Fux pode estar pulverizando a narrativa golpista, reduzindo tudo a palavras ao vento.
Portanto, além de cada pergunta desfiar a acusação, o comportamento calculado de Fux transformou-se no salvador de Bolsonaro e de seus aliados dentro do tribunal. Enquanto o restante do colegiado parece caminhar para condenação, um único voto em aberto pode inverter o destino da nação.



