Moraes vai ao Rio comandar audiências sobre megaoperação policial e gera crise institucional
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu interromper sua agenda em Brasília para viajar ao Rio de Janeiro. A missão? Presidir, pessoalmente, as audiências relacionadas à mais letal operação policial já registrada no país — ocorrida nos complexos do Alemão e da Penha. Enquanto muitos tratam o gesto como um procedimento formal, outros enxergam um sinal de ingerência política, capaz de acender alertas entre juristas e autoridades.
Imediatamente, críticas começaram a surgir. Para setores da sociedade civil e representantes do Judiciário estadual, essa atitude centraliza demasiadamente o poder em uma única figura, reforçando o estilo autoritário que Moraes já demonstrou em outros momentos de repercussão nacional. A audiência está marcada para o dia 3 de novembro e reunirá o governador Cláudio Castro (PL), procuradores e autoridades de segurança.
“Vamos esclarecer os detalhes da operação”
, declarou Moraes, justificando oficialmente sua presença no encontro. A convocação teria partido do Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH), órgão conhecido por sua orientação ideológica e postura crítica em relação às ações das forças policiais.
Enquanto isso, fontes ligadas ao Palácio Guanabara afirmam que o ministro não apenas presidirá as sessões, mas também coordenará diretamente as oitivas dos principais envolvidos. Ele próprio definirá a ordem dos depoimentos e o ritmo das investigações. Para críticos, isso reforça o padrão de comportamento que Moraes vem repetindo: centralizar poder e intimidar autoridades locais.
Portanto, a decisão carrega um peso político muito maior do que parece à primeira vista. A atitude ocorre em meio à crescente tensão entre o STF e os governos estaduais. Especificamente, após o governo Lula se negar a apoiar a operação no Rio, recusando o envio de blindados federais e vetando a decretação de GLO. Com isso, o governador Cláudio Castro foi obrigado a assumir sozinho o combate ao narcoterrorismo do Comando Vermelho — movimento que lhe rendeu visibilidade nacional.
Além disso, cada vez mais, Castro aparece como uma ameaça ao establishment em Brasília. Sua postura firme e o êxito nas ações de segurança pública incomodam setores do Judiciário progressista, que veem no avanço da direita um obstáculo. Assim, o deslocamento de Moraes para o Rio pode ter outro objetivo: conter o crescimento político de Cláudio Castro.
Por outro lado, outro questionamento permanece sem resposta: por que um ministro com centenas de processos em andamento decide interromper sua rotina para comandar audiências em outro estado? Ele apenas está cumprindo seu papel institucional — ou busca reafirmar sua autoridade sobre governos estaduais e sobre quem desafia o sistema judicial?
A resposta pode estar mais perto do que imaginamos.



