Trabalhadores por aplicativo têm renda maior, mas enfrentam jornadas exaustivas de até 12 horas por dia: estudo revela o lado obscuro do trabalho flexível

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Número de trabalhadores por aplicativo dispara 25% e alcança 1,7 milhão em 2024

Dados do IBGE revelam que o rendimento médio mensal de quem atua via aplicativo atingiu R$ 2.996 em 2024, valor 4,2% superior aos R$ 2.875 dos trabalhadores não vinculados a plataformas digitais. No entanto, a diferença já foi maior: em 2022, os plataformizados ganhavam 9,4% a mais que os demais.

A conta não fecha quando se analisa o valor por hora: apesar do salário mensal maior, esses profissionais recebem R$ 15,4 por hora8,3% menos que os não plataformizados (R$ 16,8/hora). O motivo? Eles trabalham 44,8 horas semanais, quase 6 horas a mais que os colegas fora das plataformas (39,3 horas).

### Educação vs. Realidade
Quem possui ensino fundamental ou médio incompleto ganha 50% mais que a média nacional ao trabalhar por apps. Já os diplomados no ensino superior enfrentam uma inversão: recebem 29,8% menos (R$ 4.263) comparados aos não plataformizados da mesma escolaridade (R$ 6.072).

“Temos engenheiros dirigindo Uber. Não é o trabalho que escolheram, mas é o que garante renda no momento”, afirma Gustavo Fontes, analista do IBGE.

### Informalidade em Alta
71,7% dos plataformizados estão na informalidade, contra 43,8% dos demais trabalhadores. A falta de proteção previdenciária também é alarmante: 35,9% não contribuem, quase o dobro do percentual fora das plataformas (61,9% segurados).

### Motoristas e Motociclistas: Mais Horas, Menos Direitos
Entre os 824 mil motoristas por app (43,8% do total), o salário médio é de R$ 2.766R$ 341 a mais que os não plataformizados. Porém, trabalham 45,9 horas semanais (5 horas a mais) e só 25,7% têm previdência. Na moto, o cenário se repete: 351 mil entregadores por app recebem 28,2% mais (R$ 2.119), mas 84,3% estão na informalidade.

### STF Decide Futuro da Categoria
Enquanto sindicatos pressionam por reconhecimento de vínculo empregatício, as plataformas defendem o modelo atual. O tema será julgado pelo Supremo Tribunal Federal em novembro, após a PGR recomendar não vincular empregadores e plataformas.

Vale destacar que o IBGE considerou apenas quem tem apps como principal fonte de renda, excluindo “bicos” eventuais. Os números mostram uma realidade onde renda maior exige horas extras, mas cobra um preço alto em direitos trabalhistas.

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