Chacina no Rio: Ex-ministros e juristas pedem comando direto de Lula em operações policiais
Em meio ao caos que assolou os complexos da Penha e do Alemão, onde uma operação policial de alta letalidade ceifou 121 vidas — incluindo 117 civis e quatro policiais —, cinco ex-ministros da Justiça e 19 juristas e políticos lançaram um chamado desesperado ao presidente Lula nesta quinta-feira (6). Os enviaram uma carta aberta exigindo que o presidente assuma pessoalmente o comando de uma Secretaria Especial da Presidência para coordenar todas as ações de segurança no Estado.
Portanto, a proposta é ambiciosa: criar uma nova secretariat que articule forças de segurança, inteligência e operações da União em cooperação com o governo fluminense, além de pavimentar o caminho para o futuro Ministério da Segurança Pública prometido no programa de Lula. Entre os signatários, nomes de peso: Aloysio Nunes Ferreira, José Carlos Dias, Miguel Reale Jr., Nelson Jobim — todos gestores de Fernando Henrique Cardoso — e Tarso Genro, ex-ministro do próprio Lula.
Além disso, o documento é contundente ao qualificar a ação no Rio como
“mal preparada e mal explicada”
, que transformou estruturas policiais do Estado em adversárias de toda a população, não apenas das facções criminosas. Os ex-ministros denunciam com veemência que a política de enfrentamento “chegou a um novo limite de perdas de vidas”. Por outro lado, eles criticam o que chamam de “política de guerra” e reforçam:
“ter antecedentes criminais não é licença sumária para eliminação de qualquer indivíduo”
.
Enquanto isso, o grupo alerta que incursões policiais sistemáticas se mostram ineficazes e, ao contrário do esperado, fortalecem o poder paralelo das facções. Imediatamente, eles apontam um agravante: “O governo fluminense resolveu agir de forma isolada”, provocando uma “catástrofe de dimensões históricas” cujas consequências ainda são imensuráveis. O texto questiona por que o Rio não requisitou apoio do Ministério da Justiça e Segurança Pública, que se mostrou disponível para colaborar.
Por fim, os juristas temem que a crise se alastre para outros Estados e defendem a criação de um Programa Nacional de Enfrentamento às Facções Criminosas, com ações para retomar territórios dominados e cortar o financiamento das organizações — em referência à Operação Carbono Oculto. Concluem com um apelo direto:
“O crime organizado não colocará em xeque a democracia brasileira, mas somente poderá ser combatido com estratégias corretas e inteligentes de enfrentamento. O senhor possui legitimidade e apoio popular plenos para liderá-las.”



