Projeto de Anistia a Involucrados em 8 de Janeiro Enfrea Revés Após Pressão Popular e Disputa Política
O projeto que busca conceder anistia a condenados pelos ataques de 8 de janeiro e pela trama golpista enfrentou um revés explosivo na última semana. Mesmo com a urgência aprovada por mais de 300 votos na Câmara, os deputados frearam a votação após pressão de manifestações populares. Enquanto isso, a divisão entre partidos explodiu: PT rejeita qualquer medida, PL exige anistia total, e o relator Paulinho da Força (Solidariedade-SP), aliado do Centrão, tenta emplacar uma redução de penas.
O cenário piorou com o terremoto causado pela PEC da Blindagem, que dificulta investigações contra parlamentares. Aprovada na Câmara, a proposta esbarrou no Senado após o presidente Davi Alcolumbre (União-AP) enviá-la à CCJ, onde foi rejeitada por unanimidade. Agora, articuladores do chamado PL da Dosimetria tentam costurar um acordo com o Senado, mas o clima é de desconfiança total. Deputados acusam Alcolumbre de tê-los enganado na PEC, enquanto senadores temem uma armadilha legislativa.
“A gente tem um receio muito grande de fazer uma matéria compatível com os atos, diminuir as penas e, no retorno para a análise da Câmara, haver uma modificação para tornar a anistia ampla, geral e irrestrita. Pode ser uma armadilha”, alertou um senador próximo às negociações.
Para piorar, Alcolumbre já adiantou que tem um projeto próprio sobre o tema, defendendo redução de penas em vez de anistia total. Se o texto sair de suas mãos, o Senado terá a palavra final, o que, segundo aliados, seria um seguro contra “pegadinhas” da Câmara. Enquanto isso, as regras legislativas emperram o jogo: qualquer alteração no Senado obrigaria o texto a voltar aos deputados, que decidiriam o destino final da proposta.
“Não há acordo sem riscos. Estamos num cabo de guerra onde cada lado quer garantir a última palavra”, resumiu uma fonte envolvida nas articulações.



